A ESCRITURA DE CLARICE: VOCAÇÃO ADÂMICA
Resumo
O artigo parte de algumas posições da fortuna crítica sobre Clarice Lispector, na década de 40, que aplicaram à escritura da Autora, o adjetivo feminino, em sentido pejorativo. Repassa algumas características de uma “literatura feminina” como uma escritura diferente e acaba por rejeitar a caracterização da escritura clariceana como de cunho “intimista” e “psicológico”, para situá-la no veio do “romance metafísico”, pela via empírica, buscando pela linguagem a “nomeação do ser”, vocação adâmica, que acaba por aportar no indizível. O dilema expresso por Clarice, numa escritura de oxímoros, antíteses e paradoxos, reconhecíveis nos procedimentos da epifania e da paródia, faz da imanência/transcendência o núcleo metafísico de sua aspiração à “nomeação do ser”.