SOPHIA: A ESCANSÃO DO EXÍLIO
Resumo
Num texto sobre Sophia de Mello Breyner Andresen interessa ainda saber, no ciclo de poemas brasileiros e naqueles ligados à temática das descobertas marítimas, como discorre a proposta manifesta de uma poética solidária. Na visão da autora de O Nome das Coisas, o Brasil, e por extensão o Novo Mundo, é a desejada metade atlântica a conhecer. Dum lado, o seu ibero-europeu, Clássico, lê-se uma das mais comoventes biografi as poéticas escritas em língua de Camões sobre o imaginário português dividido entre a terra e a água. Paradigmáticos desse modo de ser portuguesa e de estar em Portugal são os poemas “Pátria” e “Inscrição”. Do outro lado, lê-se uma apurada atenção ao que há de diferente na fi gura do que se lhe apresenta como o de fora, expressão, a um só tempo, similar e distinta de si mesma. Exemplares desse modo de ser sujeito de interlocução em língua portuguesa são o antológico “Poema de Helena Lanari” e o livro Navegações. Determinado o princípio de que existir é conhecer-se nos limites entre a vivência pessoal e a experiência cultural da escrita, a poesia de Sophia Andresen é uma extraordinária profi ssão-de-fé na palavra como instrumento ético de reconhecimento do passado (inscrito na memória e no presente da História) e como conhecimento da Poética, uma forma outra e revolucionária de reivindicação política. No fundo, há nesta proposição temática de leitura a vontade de falar de Pátria como um lugar de exílio, quer em termos de opressão à Cidadania, quer em termos de liberdade para a Poesia.