POSIÇÃO SOCIAL DO ARTISTA NO MOVIMENTO NEO-REALISTA EM PORTUGAL: ARTIGOS DE JÚLIO POMAR E LIMA DE FREITAS NA REVISTA VÉRTICE NAS DÉCADAS DE 1940 E 1950
Resumo
O movimento Neo-realista em Portugal despontou a partir de 1935 no âmbito literário com um artigo de Álvaro Salema publicado no semanário de literatura e crítica intitulado Gládio. Tratava-se de O antiburguesismo da cultura nova, que se tornou referência clássica pela atitude pioneira e pelo seu esclarecimento ideológico sobre a concepção de uma nova “arte social e humanista” (Dias, 1996, p. 59). Em abril de 1939, Álvaro Cunhal já havia defi nido sistematicamente o Neo-realismo artístico nas páginas de O Diabo, vendo nele a expressão de uma tendência histórica progressista. Afi rmou que a arte deveria “exprimir a realidade viva e humana de uma época”, e que “formas novas podem conter um significado velho e formas velhas, ainda que excepcionalmente – podem conter um significado moderno e progressista”. Configurava-se para os neo-realistas que o conteúdo era mais importante que a forma, e que como artistas, deveriam estar empenhados com os problemas sociais de seu tempo.