“INDÍGENA-RIBEIRINHO”. SOBRE DIFERENÇA, MODOS DE CRIAR, HABITAR E ATUAR EM TERRITÓRIOS PROTEGIDOS NO MÉDIO SOLIMÕES, AM.
Resumo
Este estudo de caso discute a auto territorialização da aldeia Miranha Jubará, situada na Reserva Estadual de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Amanã, no Médio Solimões, Amazonas, e apresenta através de abordagem etnográfica e descritiva da Ecologia Política as dinâmicas do emprego da categoria indígena-ribeirinho pelos interlocutores enquanto procedimento indígena capaz de traduzir miríades de relações históricas, fundiárias e ambientais na região. Analisada como uma ação indígena que marca a definição de posicionamentos políticos nas arenas de disputas e acordos sobre usos, acesso e controle de territórios e recursos comuns entre indígenas e ribeirinhos na RDS, a discutimos em dois pontos centrais. Indígena-ribeirinho expressa formas indígenas de (re) existir no âmbito de uma história regional e socioeconômica calcada sobre mecanismos de produção sistemática da invisibilidade étnica. Extrapolando tal princípio de irredução, ela comunica também as condições em que os atores indígenas habitam e gerem sua permanência na aldeia, evidenciando modos de agir e decidir sobre o território. A posição política indígenaribeirinho garante estratégias de governança e permite aos interlocutores exercer suas relações com o Estado e vizinhos num espaço constante de negociações relacionadas aos sentidos diversos de território, posse e leis de conservação articulados à estratégicas de acesso aos direitos reivindicados e regulação territorial.