“NOSSA AMAZÔNIA PERMANECE PRATICAMENTE INTOCADA”: A AMAZÔNIA NO DISCURSO DO PRESIDENTE JAIR BOLSONARO NA ONU
Resumo
No ano de 2019, a Amazônia ficou marcada pela ocorrência de intensa devastação, sobretudo, queimadas recordes. Após inúmeras críticas e denúncias nacionais e internacionais sobre essa tragédia de proporção desastrosa, ao realizar o discurso de abertura da 74ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o presidente Jair Bolsonaro dedicou 11 minutos de seu pronunciamento para apresentar ao mundo o que pensa seu governo sobre a Amazônia brasileira. Assim, mediante o quadro exposto, buscamos neste texto investigar como se dá o funcionamento do discurso do presidente sobre a Amazônia, pontuando quais estratégias discursivas são mobilizadas para transpor tal discurso enquanto verdade em ocasião do seu pronunciamento na ONU, contrapondo-o a discursos outros. Para tanto, recorremos às perspectivas teórico-metodológicas da Análise do Discurso de linha francesa, em especial, ao pensamento de Michel Foucault (1979; 1996; 2008) a respeito de como a linguagem, realizada por sujeitos histórico-sociais, materializa os discursos e as relações de poder.