“TUA LÍNGUA E A MINHA LÍNGUA”: A QUESTÃO LINGUÍSTICA DOS ESTUDANTES TICUNAS DA ESCOLA NORMAL SUPERIOR DA UEA
Resumo
Desde 2005, o Estado do Amazonas criou uma legislação para o ingresso
na universidade de alunos de etnias indígenas da capital e do interior. A lei
ordinária no 2894/2004 de 31/05/2004 assegura que candidatos que se
autodeclaram indígenas participem de uma reserva de vagas específica no exame
vestibular e no Sistema de Ingresso Seriado -SIS. Após a aprovação para o ingresso
na universidade, um dos principais desafios a ser enfrentado pelos acadêmicos
indígenas é o linguístico, no que se refere aos usos da língua portuguesa na
academia. Através de atividades dos projetos de Extensão “Diálogos Interculturais”
e ‘Português como L2 para alunos indígenas’’ identificamos que os acadêmicos
Ticunas, grupo étnico originário da região do Alto Solimões, apresentam baixo
desempenho nas habilidades que envolvem a fala e a escrita em língua portuguesa.
Considerando esse quadro, a finalidade deste estudo é sistematizar a situação
linguística destes discentes, empregando o estudo de caso como método de
pesquisa. Nesta pesquisa, foram entrevistados quatro acadêmicos Ticunas da
Escola Normal Superior da UEA, os quais constituem a totalidade da população
Ticuna que frequenta os projetos de extensão aqui citados. Os resultados
descrevem os contextos socioculturais e linguísticos em que esses estudantes
indígenas se inserem dentro e fora da universidade, o que demanda a
implementação de políticas linguísticas que promovam especialmente a
permanência do indígena na universidade pública e de programa institucional de
gestão de línguas na Universidade do Estado do Amazonas destinados a estudantes
indígenas e estrangeiros.