A NOÇÃO DE VAZIO DEMOGRÁFICO NA POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA (1996-2020)
Resumo
Nosso objetivo foi discutir a origem e (des)construção de um espaço vazio e desabitado na PND quando se refere a Amazônia. Procuramos mostrar como esse espaço, habitado por populações originárias, passa a ser projetado como um espaço vazio improdutivo, pronto a ser preenchido pela economia nacional através de diversas políticas públicas ao longo do tempo. Essa noção da Amazônia como espaço vazio passou a ser reproduzida nos diversos meios de informações, principalmente, em documento oficiais do governo brasileiro, sendo aceitas como um pressuposto que acaba por retirar da geo-história amazônica a presença de povos milenares, presença que resistiu e continua resistindo, das mais diversas formas, à ocupação de suas terras e à sua destruição enquanto populações diferenciadas cultural e ambientalmente. O trabalho utilizou metodologia qualitativa, por meio de estudo de natureza exploratória e pesquisa bibliográfica e documental, contemplando a análise de conceituação teórica, dados históricos, legislação pertinente e estudos correlatos. Como resultado, o estudo identificou que a ideia de que algo sempre faltou à Amazônia e seus povos teve sua origem nos relatos de inúmeros naturalistas e, principalmente das visões de Euclides da Cunha e, seu princípio da incompletude. Dessa forma, concluiu-se pela necessidade de ações efetivas que propiciem uma reflexão sobre a noção de vazio demográfico pelos diferentes segmentos da sociedade brasileira, propiciando que se mude a mentalidade da sociedade brasileira em relação à Amazônia e, em decorrência se retire o termo vazio demográfico de futuros planejamentos para esta região.