A ARTE DE FAZER COMO PATRIMÔNIO IMATERIAL
Resumo
Nas ?ltimas d?cadas, o revigoramento do interesse pelo passado implica o investimento discursivo na mem?ria, deposit?ria do afeto pela reten??o da experi?ncia hist?rica, esvaziada de sentido frente ? vertiginosa obsolesc?ncia que notabiliza a sociedade contempor?nea. Contudo, uma vez que a "mem?ria oficial"?, assentada no dilema entre a lembran?a e o recalque, possui car?ter excludente, tornam-se politicamente significativas mem?rias disjuntivas como as manifesta??es populares, capazes de apresentar formas contra-hegem?nicas de articula??o identit?ria. Nesse diapasão, este trabalho concebe a imaterialidade como necess?rio alargamento do conceito de patrim?nio, uma vez que democratiza a participa??o de diferentes estratos sociais na organiza??o da cultura. Assim, este trabalho procede a um estudo em torno do patrim?nio intang?vel, com enfoque em uma das express?ees da cultura imaterial peculiares ? microrregi?o do M?dio Piracicaba, Minas Gerais: a arte de preparar a goiabada-casc?o, guloseima popular nessa microrregi?o, sobretudo em Bar?o de Cocais. O preparo do doce constitui uma esp?cie de argamassa social, pois sedimenta v?nculos de pertencimento por meio da transmiss?o intergeracional de conhecimentos culin?rios e da realiza??o de festas que avigoram o liame entre os cidad?os.