BEM VIVER PARA OS MUNDURUKU:
Ipi wuy xi ibuyxim ikukap (cuidar e respeitar a terra-mãe)
Resumo
Neste artigo se analisa a categoria do ‘bem viver’ para o povo Munduruku do alto Tapajós. Para isso, se partiu do diálogo entre o conceito do termo na cosmologia Munduruku e as discussões propostas por Lacerda e Feitosa (2015), Acosta (2015), Sampaio et al. (2017) e Krenak (2020). Os dados que serviram de base para a preparação deste são as fontes bibliográficas e as narrativas das lideranças Munduruku. O pesquisador viveu no território Mundurukânia entre os anos de 2016 a 2019, de tal modo, os diários de campo produzidos serviram como fonte dos discursos sobre o modo de vida do povo indígena do Alto Tapajós, Norte do Brasil. Os interlocutores são sete lideranças indígenas (quatro adultos e três jovens) que nasceram e vivem até hoje nas aldeias Missão, Morro do Kurap, Poxoreben e Waro Apopo, todos localizados no Alto Tapajós. Desse modo, a pesquisa conduz para o entendimento dos próprios conceitos elaborados pelo povo Munduruku que, assim como os povos indígenas andinos, criadores do conceito Sumak Kawsaya, também se opõem à lógica do sistema capitalista. Em seus termos, os Munduruku, fundamentam as suas relações com base no ipi wuy xi ibuyxim ikukap, expressão usada para definir o bem viver, que tem como significado o cuidar e respeitar a terra-mãe.