O lugar da criança e da infância nas obras "Vidas Secas" e "Infância" de Graciliano Ramos
Resumo
Esse artigo tem o objetivo de refletir sobre as concepções de criança e de infância nas obras Vidas Secas e Infância, do escritor alagoano Graciliano Ramos. Parte-se de uma perspectiva de infância plural, dinâmica, situada sócio-historicamente e culturalmente, rompendo com concepções universais e naturalizantes, em que os contextos nos quais as crianças vivenciam suas infâncias, de modos distintos, são desconsiderados. Propõe-se um diálogo profícuo entre o campo da literatura e da educação a partir de pesquisadores que sustentam à ideia de que as crianças são sujeitos sociais e históricos, que marcam e são marcadas pela cultura, sendo a infância uma categoria social e geracional. Entendemos que as obras literárias selecionadas expressam uma concepção de criança como ser passivo, sem direito à voz e vez, o que se traduz em relações pautadas no silenciamento e embrutecimento das crianças e de seus modos singulares de ser e de viver a infância. Espera-se que as reflexões suscitadas no decorrer do texto contribuam efetivamente com os processos de formação docente, tanto no âmbito da formação inicial quanto da formação continuada.