A ausência de memórias pessoais nos relatos de batismos de cativos adultos na Província do Espírito Santo (Século XIX)
Resumo
É sabido por todos que, por cerca de trezentos anos, africanos de inúmeras origens étnicas desembarcaram no que hoje representa o litoral brasileiro a fim de servirem de mão de obra escrava para a economia das colônias portuguesas na América, depois do Império Brasileiro. Milhares de seres humanos, desde sua captura na África até sua morte no Brasil vivenciaram experiências chocantes e traumáticas. Porém, tanto a literatura historiográfica sobre o assunto, quando obras literárias, teatrais e cinematográficas ignoram as tais vivências ocorridas durante o tráfico e cativeiro. Este trabalho pretende questionar os silêncios existentes na historiografia sobre a escravidão. Como ponto de partida será analisado os registros de batismos de cativos adultos nas paróquias de Itapemirim e Vitória, ambas na província do Espírito Santo, região sudeste do brasil. É certo que a ausência de fontes dificulta esse trabalho, visto que as mesmas foram escritas pelas autoridades da época. Porém, é importante questionar o silêncio, tanto no passado como no presente.