MOVIMENTO DE MULHERES INDÍGENAS SATERÉ-MAWÉ: UNIÃO E ORGANIZAÇÃO NA LUTA CONTRA A FOME (MANAUS/AMAZONAS, 1990-2000)
Resumo
A partir de problematizações de fontes pesquisadas no arquivo da AMISM – Associação de Mulheres Indígenas Sateré-Mawé da cidade de Manaus/Amazonas, o presente artigo buscará apresentar e analisar um conjunto de ações de sustentabilidade desenvolvidas por esse coletivo de mulheres indígenas no combate à fome e à miséria durante os anos 1990 e início dos anos 2000. A confecção de artesanato e a realização de outros projetos de sustentabilidade, além de garantirem uma geração mínima de renda, incrementam discursos em torno das lutas das mulheres indígenas contra a fome, a miséria, a violência e pelos direitos de acesso a terra, à educação e à saúde. Ficam evidenciados nesses registros, produzidos pelas mulheres indígenas participantes da AMISM, aspectos de auto-organização sócio-política que nos remetem ao constante trabalho de desmistificação do desenvolvimento cultural dos povos indígenas como algo estático, pertencente ao passado e presente da História oficial brasileira, vistos ora como bons selvagens ora como obstáculos da “ordem e progresso” a serem prontamente aniquilados da vida cotidiana nas Terras Indígenas, nas áreas urbanas e rurais, tanto do estado do Amazonas quanto do Brasil.