CONTRIBUIÇÕES DA ARQUITETURA E URBANISMO PARA A IDEIA DE TERRITÓRIOS EDUCATIVOS NA INFÂNCIA
Resumo
A ausência da infância, seja por sua negação ou invisibilidade, nos estudos acadêmicos e nas cidades, tem sido apontada por vários autores. No âmbito do território, as crianças são negligenciadas, não obstante sejam partícipes no mundo dos adultos, com quem compartilham e disputam territorialidades. A cidade modernista atesta, com seu modelo funcionalista, a desconsideração para com a dinâmica própria das crianças na apropriação dos territórios. Não obstante isto, as Cidades Educadoras, tem apontado desde 1990 para outros horizontes, em que as diferentes gerações interajam na cidade, com o suporte de uma trama educativa composta por diferentes agentes. A Arquitetura e Urbanismo tem refletido criticamente sobre seu legado na modernidade e contribui para que os princípios da Cidade Educadora sejam difundidos, pensando na potência do sistema de objetos urbanos e arquiteturais para o processo educativo. No Brasil, a incorporação de outros agentes e territórios no processo de formação integral têm se dado por iniciativas locais, as quais antecederam o grande impulso dado pelo programa Mais Educação (2007), desde o qual os territórios educativos são incentivamos como uma possibilidade de articulação entre cidade e educação. O artigo finaliza indicando alguns caminhos como o da pesquisa e extensão universitária e da difusão das práticas em TEs, garantindo a continuidade desta rica experimentação, que funciona como estratégia de resistência nos territórios vividos.
Palavras-chave: Arquitetura, Territórios Educativos, Infância.
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